segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Nome da Rosa




O Nome da Rosa, título original “Der Name der Rose”, foi baseado no Livro, com mesmo nome, de Humberto Eco. O filme foi criado em 1986, com direção de Jean-Jacques Annaud, possui 130 min de duração, Globo Filmes e Produções. No elenco estão Sean Coney interpretando um monge Franciscano e  Renascentista de nome Guilherme William de Baskerville, Cristian Slater no papel do noviço Adso Von Melk, e F. Murray Abraham que interpretou um Grão-Inquisidor chamado Bernardo Gui figura que existiu na vida real sendo considerado um dos mais intransigentes inquisidores.

O filme inicia com a narração do noviço que participa da história, para melhor compreensão do filme é interessante que se conheça o contexto histórico da época. A narrativa refere-se ao ano de 1327, a Europa nos anos de 1300 à 1650 estava na Renascença período caracterizado pela ênfase no homem (antropocentrismo), contrário ao período teocêntrico. Nesta época deu-se a valorização da razão e da ciência, acreditando-se que existiam explicações científicas para a maioria das coisas. Historicamente do século XI ao XV houve muitas mudanças no campo econômico (capitalismo), social (burguesia e aliança com o rei) e político (surgimento da monarquia e reis absolutistas).

O personagem central William de Baskerville tinha características marcantes, entre elas estavam a racionalidade e a utilização da ciência para soluções de problemas. Ele e seu acompanhante, o noviço Adso foram participar de um conclave e decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas. Intrigante, já que historicamente a ordem dos beneditinos é caracterizada pela a vida  contemplativa, vivida na clausura dos mosteiros, orando constantemente e trabalhando intelectualmente e de forma braçal. Já os franciscanos contemplam o Jesus pobre, esvaziando-se de bens do mundo para alcançar os bens do céu.

Uma série de mortes acaba ocorrendo no Mosteiro Beneditino Italiano, acreditando-se ser de ordem sobrenatural, ação demoníaca, os monges ficam assustados. William inicia uma investigação juntamente com Adso, devido ao seu conhecimento científico, chegou à conclusão que o monge Adelmo havia se suicidado. Outros dois corpos foram encontrados, nos quais existiam nos dedos e na língua manchas rochas, descartando-se a hipótese de suicídio.

William e o noviço descobrem que na torre próximo a biblioteca haviam livros proibidos, sendo impedida a entrada de qualquer pessoa, a partir daí, com a ajuda de uma testemunha mergulha na investigação. Adelmo, um jovem monge, foi o primeiro a morrer, ele teve interesse de ler um livro proibido e através de Berengário (monge bibliotecário) ele obteve as coordenadas para encontrar o livro. Benegário sentia desejo sexual por homens e deu a informação para obter agrados sexuais. Arrependido, Adelmo entrega as coordenadas para oferecer o livro a outro monge, Venâncio. Adelmo se suicidou posteriormente.

Ao encontrar o livro, Venâncio, não consegue saber o que está escrito nele, pois o veneno nas páginas o mata. Berengário encontrou o livro e ao tentar ler é também envenenado. William conta ao superior o que havia descoberto e solicita o acesso à Torre. Entretanto, devido à chegada do inquisidor Bernardo Gui para solucionar o caso, ele não tem o acesso liberado. Este inquisidor foi o mesmo que quase lança William na fogueira, por ter inocentado um homem culpado pelo crime de ter traduzido um livro.


Com a chegada de  Gui, três inocentes, através de tortura, confessam os crimes, entretanto, ocorre outra morte. Por William não concordar que os três acusados fossem culpados, Gui (o inquisidor) o acusa de ser o assassino. William e o seu seguidor Adso conseguem chegar à biblioteca e descobre que o monge cego, Jorge, é o responsável pelos crimes. Jorge ateia fogo na biblioteca, mas alguns livros são carregados por William.

Historicamente a Igreja Católica restringia o conhecimento, a chamada idade das trevas. Pode-se entender que em todo desenrolar do filme há uma busca incessante pela verdade, que nada mais é que o conhecimento cujo qual a Igreja escondeu durante anos. O livro proibido e que estava envenenado era o Poética de Aristóteles, o qual havia uma valorização do riso, a comédia, o que punha em risco, segundo a Igreja, a doutrina cristã. As pessoas poderiam, através da comédia, perder o temor a Deus, em outras palavras, a Igreja era quem temia perder o seu poder.

No filme aparecem os palimpsestos que são livretes com textos científicos e filosóficos que eram raspados, sendo substituídos por escritos com orações e rituais litúrgicos. Os religiosos devem aos primeiros monges beneditinos a Bíblia ter chegado aos dias atuais, porquanto na época não existia imprensa, sendo necessário serem copiados os manuscritos.

É importante citar que no filme pode-se ver a separação dos pobres da vila (vilões), a nobreza e a Igreja. Os miseráveis da época comiam os restos produzidos pelos monges do mosteiro e da sociedade existente. Apesar de toda a soberania da Igreja e suas liturgias, na prática, os beneditinos não exerciam a misericórdia, pelo contrário faziam distinção das pessoas. Os monges usavam sexualmente as mulheres da vila, que satisfaziam suas necessidades sexuais em troca de comida. O jovem noviço Adso apaixonou-se por uma mulher tento relação por acaso com ela. No filme pode-se ver claramente inferiorização da figura feminina, sendo  demonializada, porquanto para a Igreja há uma correlação dela com o desejo carnal, tentação e maldade. Na época medieval, várias mulheres foram levadas à fogueira da inquisição acusadas de crimes contra a Igreja.

O nome da Rosa, título do filme, traz o questionamento de, a quem se refere, de quem é o nome, ou quem é a Rosa? Será a jovem por quem o noviço se apaixonou? Ou o livro de Aristóteles? Mas, sem dúvida, seja qual nome for, o filme mostra que, quem captura o conhecimento, detém o poder.

 

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