O Nome da Rosa, título original “Der Name
der Rose”, foi baseado no Livro, com mesmo nome, de Humberto Eco. O filme foi
criado em 1986, com direção de Jean-Jacques Annaud, possui 130 min de duração,
Globo Filmes e Produções. No elenco estão Sean Coney interpretando um monge Franciscano e Renascentista de nome Guilherme William
de Baskerville,
Cristian Slater
no papel do noviço Adso Von Melk, e F. Murray Abraham que
interpretou um Grão-Inquisidor chamado Bernardo Gui
figura que existiu na vida real sendo considerado um dos mais intransigentes
inquisidores.
O filme inicia com a narração do noviço que participa da
história, para melhor compreensão do filme é interessante que se conheça o
contexto histórico da época. A narrativa refere-se ao ano de 1327, a Europa nos
anos de 1300 à 1650 estava na Renascença período caracterizado pela ênfase no homem (antropocentrismo), contrário ao período teocêntrico.
Nesta época deu-se a valorização da razão e da ciência, acreditando-se que
existiam explicações científicas para a maioria das coisas. Historicamente
do século XI ao XV houve muitas mudanças no campo econômico (capitalismo),
social (burguesia e aliança com o rei) e político (surgimento da monarquia e
reis absolutistas).
O personagem central William de Baskerville
tinha características marcantes, entre elas estavam a racionalidade e a utilização da ciência para
soluções de problemas. Ele e seu acompanhante, o noviço Adso
foram participar de um conclave e decidir se a Igreja deve doar parte de suas
riquezas. Intrigante, já que historicamente a ordem dos beneditinos
é caracterizada pela a vida contemplativa,
vivida na clausura dos mosteiros, orando constantemente e trabalhando
intelectualmente e de forma braçal. Já os franciscanos contemplam o Jesus
pobre, esvaziando-se de bens do mundo para alcançar os bens do céu.
Uma série de mortes acaba ocorrendo no Mosteiro
Beneditino Italiano, acreditando-se ser de ordem sobrenatural,
ação demoníaca, os monges ficam assustados. William inicia uma investigação juntamente com Adso,
devido ao seu conhecimento científico, chegou à conclusão que o monge Adelmo
havia se suicidado. Outros dois corpos foram encontrados, nos quais existiam
nos dedos e na língua manchas rochas, descartando-se a hipótese de suicídio.
William e o noviço descobrem que na torre próximo a
biblioteca haviam livros proibidos, sendo impedida a entrada de qualquer
pessoa, a partir daí, com a ajuda de uma testemunha mergulha na investigação.
Adelmo, um jovem monge, foi o primeiro a morrer, ele teve interesse de ler um
livro proibido e através de Berengário (monge bibliotecário) ele obteve as
coordenadas para encontrar o livro. Benegário sentia desejo sexual por
homens e deu a informação para obter agrados sexuais. Arrependido, Adelmo
entrega as coordenadas para oferecer o livro a outro monge, Venâncio. Adelmo se
suicidou posteriormente.
Ao encontrar o livro, Venâncio, não consegue saber o que
está escrito nele, pois o veneno nas páginas o mata. Berengário encontrou o
livro e ao tentar ler é também envenenado. William conta ao superior o que
havia descoberto e solicita o acesso à Torre. Entretanto, devido à chegada do
inquisidor Bernardo Gui para solucionar o caso, ele não tem o acesso
liberado. Este inquisidor foi o mesmo que quase lança William na fogueira, por
ter inocentado um homem culpado pelo crime de ter traduzido um livro.
Com a chegada de Gui, três inocentes, através de
tortura, confessam os crimes, entretanto, ocorre outra morte. Por William não
concordar que os três acusados fossem culpados, Gui (o
inquisidor) o acusa de ser o assassino. William e o seu seguidor Adso
conseguem chegar à biblioteca e descobre que o monge cego, Jorge, é o
responsável pelos crimes. Jorge ateia fogo na biblioteca, mas alguns livros são
carregados por William.
Historicamente a Igreja Católica restringia o conhecimento, a chamada idade das trevas.
Pode-se entender que em todo desenrolar do filme há uma busca incessante pela
verdade, que nada mais é que o conhecimento cujo qual a Igreja escondeu durante
anos. O livro proibido e que estava envenenado era o Poética de Aristóteles, o
qual havia uma valorização do riso, a comédia, o que punha em risco, segundo a
Igreja, a doutrina cristã. As pessoas poderiam, através da comédia, perder o
temor a Deus, em outras palavras, a Igreja era quem temia perder o seu poder.
No filme aparecem os palimpsestos que são livretes com
textos científicos e filosóficos que eram raspados, sendo substituídos por
escritos com orações e rituais litúrgicos. Os religiosos devem aos primeiros
monges beneditinos a Bíblia ter chegado aos dias atuais, porquanto na época não
existia imprensa, sendo necessário serem copiados os manuscritos.
É importante citar que no filme pode-se ver a separação
dos pobres da vila (vilões), a nobreza e a Igreja. Os miseráveis da época
comiam os restos produzidos pelos monges do mosteiro e da sociedade existente.
Apesar de toda a soberania da Igreja e suas liturgias, na prática, os
beneditinos não exerciam a misericórdia, pelo contrário faziam
distinção das pessoas. Os monges usavam sexualmente as mulheres da vila, que
satisfaziam suas necessidades sexuais em troca de comida. O jovem noviço Adso apaixonou-se por uma mulher tento relação por acaso com ela. No filme pode-se
ver claramente inferiorização
da figura feminina, sendo demonializada, porquanto para a Igreja
há uma correlação dela com o desejo carnal, tentação e maldade. Na época
medieval, várias mulheres foram levadas à fogueira da inquisição acusadas de
crimes contra a Igreja.
O nome da Rosa, título do filme, traz o questionamento
de, a quem se refere, de quem é o nome, ou quem é a Rosa? Será a jovem por quem
o noviço se apaixonou? Ou o livro de Aristóteles? Mas, sem dúvida, seja qual
nome for, o filme mostra que, quem captura o conhecimento, detém o poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário